Influenciadora vegana é flagrada comendo peixe e crise estoura
À medida que amadurece, o marketing de influência exige dos creators profissionalismo e transparência. O episódio recente envolvendo uma influenciadora mexicana mostra, mais uma vez, que enganar o público tem potencial devastador para a carreira do próprio influenciador.
Yovana Mendoza Ayres, conhecida como Rawvana, passou os últimos seis anos de sua vida defendendo a dieta crudivegana, que é parecida com a vegana, mas com o consumo de alimentos crus.
Fonte de inspiração para adeptos do mesmo tipo de alimentação, Rawvana vem publicando, desde 2013, conteúdos em espanhol e inglês. É ativa nas principais plataformas digitais: YouTube (467 mil inscritos), Instagram (1,3 milhão de seguidores), Twitter (52 mil) e Facebook (48 mil fãs). Seu site (rawvana.com) tem audiência estimada em 120 mil visitas por mês segundo o SimilarWeb.
No dia 14 de março, porém, circulou no YouTube e no Instagram o vídeo abaixo, que mostra a influenciadora comendo peixe. Segundo o El País, o vídeo, de apenas 15 segundos, foi gravado por uma colombiana chamada Paula Galindo na ilha de Bali, na Indonésia.
As reações negativas foram imediatas. Rawvana reagiu à polêmica no dia seguinte, publicando no YouTube um vídeo de 30 minutos. Nele, a influenciadora pede desculpas e tenta se justificar. Explica que precisou comer um pouco de proteína animal por orientação médica. Com uma boa dose de autopiedade, explica que vinha sofrendo de amenorreia, anemia e problemas causados por excesso de bactérias ruins no intestino.
Quando o vídeo saiu, já era tarde demais. O arranhão em sua reputação já estava feito. Nos comentários no YouTube, os seguidores continuaram reagindo com incredulidade e os detratores, com fúria.
As reações mais ponderadas diziam que “o problema não foi comer o peixe, mas omitir o fato dos seguidores para continuar a ganhar dinheiro fingindo ser vegana”. As mais debochadas diziam coisas do tipo “vou fazer um origami com o seu papel de vítima”. Fora as ofensas. A quase totalidade dos comentários foi escrita em espanhol.
Que lições tirar desse episódio?
Bem, os influenciadores são os players da nova mídia, que tem na comunicação de mão dupla sua principal característica. Existem muitas formas de aborrecer as pessoas, mas enganá-las é uma das mais graves.
No Brasil mesmo, houve episódios parecidos. O caso Bel Pesce, em 2016, aconteceu em circunstâncias diferentes, mas a polêmica também estourou quando o público descobriu que nem tudo o que era dito correspondia à verdade.
Rawvana poderia ter contornado a situação se, ao descobrir os problemas de saúde, tivesse contado isso ao público. Ou, se preferisse, poderia simplesmente comunicar que sairia de cena por uns tempos para cuidar de sua saúde. Em vez disso, preferiu trapacear, apostando que ninguém descobriria a verdade. Só que alguém ligou a câmera de um celular quando ela menos esperava.
Soma-se a isso o fato de que, hoje, os influenciadores adotam o comportamento profissional em todos os sentidos. Por figurarem como exceção à regra, os casos de flagrante de mentira causarão impacto ainda mais forte na carreira do infrator.
É claro que Rawvana pode encontrar um meio de dar a volta por cima. Mas o dano à sua imagem é irreparável, com potencial de destruir sua carreira para sempre.
Influenciadora mexicana passou seis anos defendendo dieta vegana, mas foi flagrada comendo peixe em uma viagem. Ela tentou se justificar dizendo que estava doente, mas a desculpa veio tarde demais. Sua carreira está provavelmente arruinada. Que lições tirar desse episódio?