Assim como marcas, influenciadores também erram. Leia este caso
Criar uma ação com influenciadores para sua empresa ou marca é uma prática que tende a se tornar comum no mercado, e o ROI dessas empresas com esse tipo de estratégia de conteúdo só cresce. Nos Estados Unidos, por exemplo, a estimativa é que 30% das empresas desembolsem entre 25 mil e 30 mil dólares. Outras 25% declararam que o intuito é investir em até US$ 100 mil. Somente uma minoria (5%) disse que vai diminuir no orçamento campanha com influenciadores digitais.
Contudo, mesmo com ferramentas de análise de engajamento, likes e afins ou até mesmo se é influenciador(a) tem “fit” certo com a sua marca/serviço ou produto, o risco de o creator postar algo de negativo para a audiência dele pode acontecer a qualquer momento. Caso ocorra, de fato, influenciará negativamente na sua estratégia de negócios, podendo até arruinar o vínculo dos fãs para com seu produto/serviço.
Recentemente, o site PR Daily discutiu sobre um caso atual do marketing de influência, mostrando a relação entre o conteúdo produzido e a proporção que isso pode gerar, bem como o impacto que isso reflete nas marcas que se associam a um influenciador. O criador de conteúdo e youtuber Logan Paul alcançou os trends de notícias após ter divulgado um controverso vídeo em seu canal do Youtube, onde filmou uma de suas viagens dentro da Floresta de Aokigahara no Japão, também conhecida como a “floresta do suicídio”.
No vídeo, ele mostra o percurso dos visitantes da floresta e quais os motivos que fazem as pessoas irem até o local para cometer tal ato. Durante a gravação, Logan encontrou o corpo de um homem que acabara de cometer suicídio. O youtuber encontrou uma oportunidade para fazer o seu “humor” com o intuito de diminuir o impacto em que essa cena poderia causar.
Apesar do tema ser mais pesado psicologicamente, o vídeo — antes de ser removido de seu canal — atingiu a marca de cerca de 6 milhões de visualizações, de acordo com a Associated Press, sendo que sua conta está verificada com mais de 15 milhões de assinantes. Tal atitude gerou uma avalanche de críticas e comentários negativos, além de enfatizarem que “suas desculpas iniciais seriam inadequadas”
Mesmo com os pedidos feitos por Logan, o influenciador decidiu paralisar suas ações por um tempo para refletir sobre o acontecido:
Clique aqui para assistir ao vídeo.
So sorry. pic.twitter.com/JkYXzYsrLX
— Logan Paul (@LoganPaul) 2 de janeiro de 2018
Esse tipo de atitude mostra o quanto uma ação errada pode prejudicar a carreira de um influenciador(a), além de criar um impacto negativo para as marcas que se associam com a imagem de um produtor de conteúdo tão popular. À medida que cresce o interesse das marcas em se associarem a influenciadores para aumentar o engajamento, ou impulsionar as vendas de seus produtos e serviços, o risco também anda na mesma proporção, se estendendo também às organizações.
Segundo a gerente sênior da Influencer Champions, Amelia Neate, 70% dos consumidores abaixo dos 25 anos estão propensos a serem influenciados pelos criadores de conteúdo do YouTube. Isso não são dados de nichos, ou seja, todo o mercado se beneficia com as ações e participações de influenciadores, independe da plataforma ou mídia escolhida. O hábito do usuário de redes sociais impacta diretamente na sua decisão de compra, e conteúdos negativos como no caso citado acima, pode refletir nessas decisões do usuário como mostra o infográfico abaixo:
Escolher a campanha com algum influenciador pode se tornar um tormento se não houver uma análise prévia como complementa Chenoa Parr, diretor da Integral PR
“Escolher um influenciador de mídia social pode ser uma decisão arriscada”
Contudo, há retornos positivos se souber analisar e avaliar o influenciador certo como conclui Chenoa, dizendo que ” as recompensas podem ser enormes para a exposição da marca”.
Esse caso foi amplamente discutido entre influenciadores que se preocupam e lidam com grandes marcas. Alguns se pronunciaram a respeito de atitudes como essa que inundam as redes sociais e prejudicam não apenas as marcas, mas também a visão de que o mercado tem produtores de conteúdos como esses.
O influenciador Casey Neistat, que possui mais de 9 milhões de inscritos em seu canal, discutiu esse tema com Robert Kyncl, Head of Business Youtube, falando sobre as dúvidas acerca de conteúdos e o impacto que essas ações podem causar para criadores e marcas como um todo:
Robert também contribuiu com entrevistas em outros sites e portais sobre esse assunto e em uma entrevista feita para o Hollywood Reporter, completou:
“Nós deveríamos ter feito o melhor”, sobre como a empresa(Youtube) lidou com o vídeo viralizado e amplamente condenado de Logan Paul, pois também aborda acusações de parcialidade política e de algumas de suas estratégia de conteúdo original.
Como reduzir o risco com um influenciador
Há diversos riscos e possibilidades quando se decide utilizar um influenciador para sua marca, por mais que muitas empresas se atentem apenas com números de seguidores ou quantidades de likes para tomarem a decisão de quem irá endossar a sua próxima campanha. Existe algumas formas de se prevenir. Separamos algumas dicas de alguns especialistas em Relações públicas que atuam com esse tipo de crise.
Uma das dicas foi dada por Amelia Neate que comenta:
“Procurar um influenciador que seja socialmente responsável e bem sucedido ajudará a reduzir os riscos de reputação. O uso de uma agência de marketing de influência também garantirá que as marcas tenham influência certa para sua campanha e sua imagem”, além de não deixar de fazer um pesquisa minuciosa com o influenciador desejado antes de se vincular a ele.
Segundo Cynthia Tabe, da ModeMasion PR “Garantir que o influenciador compreenda o objetivo da parceria, além de se realmente está interessado na marca e seus valores-chave”. Isso se dá com a uma boa pesquisa, o que facilitará na busca do influenciador com o “fit certo”.
Haley Smith, CEO e chefe de relações públicas da Boxed Out PR , diz que procurar cuidadosamente o histórico do influenciador. Garantir que o conteúdo do passado não tenha um teor ofensivo ou que não possa ocorrer um reincidente no presente. Leva-se um tempo, mas o resultado investido pode garantir a escolha de um influenciador certo.
Outra forma para evitar algum tipo de crise é estudar os vídeos e publicações passadas e presentes dos influenciadores. Isso contribui com um observação da consistência do conteúdo produzido do influenciador, além de ter o objetivo de descobrir a maturidade e experiência para a ação desejada, o que acrescenta Michelle Garrett, CEO da Garrett Public Relations.
Por exemplo, se você perceber que um influenciador usa linguagem inapropriada, talvez não seja adequado para a sua marca. Tenha muito cuidado com o tipo de conteúdo que deseja para o seu público.
Usar apenas métricas de alcance não necessariamente contam a história do influenciador e também não significa que é a pessoa certa para a sua marca. Analisar o tipo de cultura que o influenciador está construindo através de seu conteúdo é um fator importante para identificar o que a comunidade que o cerca compreende e se assemelha com a sua marca. Estar em um parceria confortável para ambos é crucial para se prosperar em qualquer ação que queira tomar.
Como todo plano de negócios, tenha sempre um plano de crise esquematizado. Se prevenir de uma possível situação negativa para a sua marca é cuidado que se deve tomar até mesmo quando se lida com grandes e famosos influenciadores.