Saúde Mental e Influência Digital
Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), organizam em território nacional o Setembro Amarelo. Apesar da iniciativa ocorrer ao longo de todo o ano, por conta de o dia 10 de setembro ser, oficialmente, o Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio, as atenções se voltam para essa questão no nono mês de cada ano.
Dentro desse contexto, questões envolvendo saúde mental são discutidas em diferentes áreas e, hoje, resolvemos trazê-las para o mundo do Marketing de Influência. No blogpost de hoje trataremos de 5 tópicos que afetam a saúde mental de influenciadores digitais.
5 fatores que afetam a saúde mental de influenciadores digitais
1. Rotina Exaustiva
Em um passado não tão distante, as profissões de jogador de futebol e modelo eram almejadas por grande parte das crianças e adolescentes. Hoje em dia, outra profissão entrou para esse hall: influenciador digital.
Para aqueles que acompanham os conteúdos compartilhados pelos influenciadores, é comum cair no senso comum de que a profissão é só glamour. Acontece que, existem inúmeros passos que antecedem a postagem desses conteúdos: planejamento, processo criativo, gravação, edição, aprovação.
Em um bate-papo promovido pelo Influency.me com influenciadores no BIG Festival 2022, a maioria deles revelou não ter uma rotina fixa estabelecida, ou seja: começam a trabalhar sem ter hora para acabar. Justamente por serem empreendedores de si mesmos, muitos caem na cilada da super produtividade em busca de mais engajamento.
2. A Busca Incessável por Engajamento
“Engajamento” é um termo usado para se referir ao conjunto de métricas que refletem a relação entre o influenciador e seu público. Curtidas, comentários, compartilhamentos, visualizações e conteúdos salvos são alguns exemplos. Tudo isso é analisado pelas marcas que contratam esses profissionais e reflete diretamente em seus ganhos.
Justamente por interferir no valor de seu trabalho, o engajamento acaba se tornando uma obsessão na maioria das vezes, impactando diretamente na saúde mental do influenciador. Um post que não desempenha bem já é capaz de acender um sinal de alerta. Hoje em dia, o maior desafio na internet não é conquistar visibilidade, mas sim, mantê-la.
A atenção do público vale ouro e é amplamente disputada pela concorrência. Nessa corrida pelo engajamento, ganha aquele que for capaz de engajar um maior número de pessoas pelo maior tempo possível, afinal, esse é o principal alimento dos algoritmos das redes sociais: o tempo de tela do usuário.
3. Algoritmos: os Vilões da História
Quando falamos de redes sociais não podemos esquecer que existem empresas por trás que, assim como quaisquer outras, visam o lucro. O tempo de tela dos usuários, ou seja, o tempo em que cada usuário permanece nelas, influencia na quantidade de pessoas impactadas por publicidades e, obviamente, no lucro das redes sociais.
Com isso em mente, podemos resumir os algoritmos como um conjunto de dados e regras estabelecidas por cada rede social, a fim de fazer com que o usuário passe mais conectado. A partir disso, alguns conteúdos são priorizados e possuem uma taxa de entrega maior.
Toda a problemática ocorre em torno do fato de que os influenciadores não são informados de como esses algoritmos funcionam e, por isso, vivem constantemente tentando se moldar em busca de engajamento. Esses esforços ocorrem na base da tentativa e erro, a partir de um trabalho de observação da concorrência que inevitavelmente termina em comparações e desgaste da saúde mental.
4. Frequência de Postagem e Bloqueio Criativo
Apesar das regras utilizadas pelos algoritmos não serem claras, uma coisa é certa: todas as redes sociais valorizam a frequência de postagem. Manter essa frequência pode ser desgastante caso o influenciador não tenha um processo criativo bem estabelecido e uma equipe para ajudá-lo.
A tarefa se torna ainda mais difícil considerando que não basta apenas ter quantidade, mas também qualidade, afinal, a concorrência é enorme. Manter os seguidores engajados de maneira frequente com bons conteúdos é um dos grandes desafios dos influenciadores digitais.
Nesses casos, a organização pode ser a solução. Produzir conteúdos com antecedência diminui a pressão presente no processo, facilitando o processo criativo. Um bom planejamento de conteúdo é capaz de evitar a dor de cabeça no dia a dia.
5. Haters
Utilizado para se referir a pessoas que destilam comentários ofensivos, geralmente no âmbito virtual. Comumente, esse tipo de comportamento ocorre por meio de perfis anônimos, ou fakes. Apesar de ser um termo de origem inglesa, já se popularizou em território nacional por conta dos diversos casos que ganharam repercussão ao longo dos anos.
Esse é um tópico sensível para a maior parte dos influenciadores, afinal, tendo as redes sociais como principal instrumento de trabalho, lidar com comentários negativos é algo que faz parte da rotina de todos eles, alguns em maior e outros em menor escala.
É válido lembrar que, devido ao avanço do mundo virtual e seu impacto na sociedade, hoje em dia existem delegacias especializadas em crimes virtuais. Dessa forma, não só influenciadores, mas qualquer pessoa que sinta ter algum direito ferido – nesse caso, a honra ou imagem –, pode recorrer às autoridades.
Conclusão
Como vimos, a profissão de influenciador digital não é só glamour. Existem uma série de fatores que implicam no desgaste da saúde mental desses profissionais. Alguns causados pela falta de estrutura e o acúmulo de atividades decorrente do amadorismo presentes no início da carreira e outros pelo simples fato de serem figuras públicas.